Terça-feira, 3 de Dezembro de 2024

Tecnologia, inovação e questões ambientais no 31º CBA
Relatório da participação no Congresso Brasileiro de Agronomia 2019

Por LUIZ AUGUSTO VILA LABIGALINI

Os artigos e os comentários não representam necessariamente a opinião do Sindicato; a responsabilidade sobre eles é dos autores.
Veja aqui os Termos de Uso do Site.

Dia 21/08 – Parte manhã:

Tema 1: Agronomia do Presente: Alimentando o mundo

Tema 2: Cooperativismo e Empreendedorismo

O 1º palestrante foi o Ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues autor dentre outros do recente livro: Agro é paz. Apresentou um painel sobre projeções de produção de alimentos no mundo, citou que o mundo espera um aumento de 40% da produção brasileira até 2027, o Brasil aumento em 317% sua produção no período 1990-2019. Mostrou preocupação com o aumento da concentração de renda no campo, a tecnologia vem “engolindo” os pequenos produtores. Colocou a China como maior mercado do País, com boas projeções de crescimento. Citou o mercado de leite e de peixes que são muito pouco explorados no país, com números ínfimos de comércio. Por fim, citou a preocupação com o corte de orçamento nas Universidades, citou a mesma como polo de conhecimento e fonte de inúmeras pesquisas que colaboram com o crescimento da agricultura nacional.

O 2º palestrante foi o Engenheiro Agrônomo José Carlos Polidoro da Embrapa Solos com o tema Inovação X Tecnologia. Apresentou em seu painel, que a preocupação no passado com a segurança alimentar deu lugar a Inovação Tecnológica, citou a adaptação brasileira aos solos ácidos(cerrado), fruto de muita pesquisa e conhecimento. Demonstrou preocupação em dizer que o aumento da produtividade tem que andar lado a lado com a preservação dos Recursos Naturais, citou como exemplo as perdas imensuráveis de solos em nosso país (processos erosivos diversos), fator este que poucos fazem a reflexão necessária. Citou a concentração de conhecimento e tecnologia no eixo Sul-Sudeste, cobrou uma ampliação desse eixo para todo o país. Disse que na graduação falta material e estudo sobre Inovação e Empreendedorismo, fez uma crítica sobre se “acelerar” uma Startup pois ve esse movimento uma forma de “comprar” a mesma e não se preocupar no avanço da ideia. Citou que o comércio hoje tem o foco no consumidor e no mercado e não no produto em si, como exemplo deu a criação do Hamburguer Vegano (soja, ervilha), atendendo um nicho de mercado detectado e quem vem crescendo ano a ano. E por fim novamente citou que devemos produzir sem depredar, de forma sustentável e conservacionista.

Tivemos um intervalo para perguntas que são postas a seguir:

A) Perguntados sobre o Cooperativismo nacional, ambos falaram da força que possuem, com exemplos de sucesso no Sul e Sudeste do País, tem que ser expandidos.

B) Sobre a polêmica atual do uso de Agrotóxicos e liberação de diversas moléculas, os mesmos colocaram a culpa principalmente na falta de comunicação de todo o ciclo da cadeia agropecuária.

C) Sobre o desempenho ainda mínimo da Aquacultura, citaram que faltam projetos, falta “acreditar” mais na produção. Citou como exemplos de sucesso a C-vale e Copacol que vem criando plantas de produção para a comercialização de peixes.

D) Perguntados sobre Formação Profissional e o Ensino a distância (EAD) em Agronomia, ambos se mostraram totalmente contrários a tal opção.

O 3º Palestrante foi o Prof. Décio Zilbersztaj, do Instituto Pensa, com o tema Agronomia do Presente e o futuro da Profissão, começou alertando que a margem de remuneração do agricultor (% da cadeia produtiva) vem se estrangulando e diminuindo cada vez mais, as mudanças nas relações de trabalho são constantes por diversos fatores entre eles a conectividade, tecnologia, redesenho geopolítico entre outras tendências. O estudo do perfil dos consumidores merece uma atenção especial, o que querem consumir? Por fim alertou que os órgãos de pesquisa nacionais não possuem uma interação satisfatória, poderiam “conversar” mais e trocar experiências (Embrapa, IAC, Universidades, etc.). Sugeriu ao novo profissional que compreenda todos os elos da cadeia produtiva, uma visão mais eclética baseado em fundamentos sólidos na faculdade.

O 4º Palestrante foi o Engenheiro Marco Ripoli, consultor da Bioenergy com o tema Empreendedorismo e Startup. Iniciou falando da concentração de Startups no Sudeste (cerca de 70% só em SP), citou que a Indústria tem vários desafios para o futuro, deu como exemplo que ela concilie: Saudável + Sustentável + Engajamento. Os mercados estão se tornando cada vez mais nichados (específicos), como fator agilidade sendo um grande diferencial (escolha rápida + entrega rápida). Também citou que a entrada de proteínas vegetais vem substituindo os animais no consumo de muitas famílias.

Dia 21/08 – Parte tarde:

Tema 1: Assistência Técnica no Presente e nova realidade da ATER

Tema 2: Programas Brasileiros para o Desenvolvimento Sustentável

O 1º Palestrante foi o Engenheiro Agrônomo Angelo Ximenes Ajala, que apresentou em seus painéis um breve resumo sobre o histórico de crédito e seguro rural no estado de MS (estado que atua). Relatou que atualmente há muitos competidores com a extensão rural como as cooperativas, multinacionais, especialistas, entre outros. Citou a importância do orçamento governamental para uma extensão mais forte e que gere resultados aos produtores.

O 2º Palestrante foi o Engenheiro Agrônomo Alberto Figueiredo representando a OCB – Organização das Cooperativas do Brasil que destacou que a principal causa da Assistência Técnica é a de solucionar problemas, apresentou um comparativo entre Assistência Técnica x Extensão Rural, citando que o custo benefício é fator importante comparativo. Por fim apontou 2 grandes desafios para o Engenheiro Agrônomo extensionista e assistente técnico que são: Os milhões de hectares ocupados por pastagens degradadas com manejo inadequado e os processos erosivos que castigam as propriedades com uma perda imensurável de solo diária.

A 3º Palestrante foi a Engenheira Agrônoma Edilene Steinwadter, Presidenta da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (EPAGRI-SC), relatou toda a estrutura que compõe o órgão, com mais de 530 Engenheiro Agrônomos contratados. O canal de atuação se dá basicamente na agricultura familiar já que 90% dos imóveis rurais de SC possuem menos que 50 hectares. Relatou que o profissional tem que criar um ambiente de confiança e entender o contexto e anseios de cada agricultor. Por fim apresentou o aplicativo (app) da EPAGRI que entre outras diversas aplicações tem por principal objetivo levar a informação à população do campo.

O 4º Palestrante foi o Zootecnista Matheus Ferreira, diretor do SENAR, explicou o modo de atuação do SENAR a nível nacional, o organograma de trabalho. Citou a pauta de preservação ambiental nos projetos apresentados e detalhou em específico a Integração Lavoura – Pecuária – Floresta como sinônimo de sucesso na relação produção- preservação.

Painel: “Programas brasileiros que Engenheiros Agrônomos atuam com destaque para o desenvolvimento sustentável do País”

O 1º Palestrante foi Giovani Ferreira um dos coordenadores da Expedição Safra da Agricultura Familiar, lembrando aos participantes que estamos na Década Internacional da Agricultura Familiar (FAO) e que citou como um dos objetivos do projeto desmistificar a agricultura de subsistência. Cobrou que a agricultura seja uma política de estado e não de governo.

O 2º Palestrante foi Rafael Zavala representante da FAO no Brasil, explanou a área de atuação da mesma em nosso país, citando alguns projetos importantes e destacou que o objetivo da FAO é produzir um mundo sem fome com sistemas alimentares saudáveis e sustentáveis.

O 3º Palestrante e homenageado do evento foi o Engenheiro Agrônomo José Francisco Graziano, ex diretor geral da FAO, destacou em sua fala a epidemia de obesidade que vem tomando conta do mundo, com alimentos que fazem mal a saúde e não nutrem sendo cada vez mais baratos e ao contrário os que nutrem e fazem bem sendo comercializados a preços mais elevados. Citou que a fome no mundo não se dá pela escassez de alimentos e sim pela falta de acesso aos produtos que se dá de diversas formas, desde monetária, logística, política entre outras. Convidou a todos a repensar a Agronomia com esses novos desafios e ao final foi homenageado pelos serviços prestados a frente da FAO por 2 mandatos brilhantes a frente dessa instituição.

A 4º Palestrante foi a Engenheira Agrônoma Helga Issa, pesquisadora da Embrapa Solos e que está à frente do programa Rio Rural que entre outros objetivos estuda as microbacias do RJ, com foco na conservação de recursos naturais, agricultura familiar, proteção de nascentes (+ de 4.300 protegidas), produção de alimentos sustentáveis, estruturação das cadeias produtivas enfim um projeto amplo de muita valia para o estado do RJ.

Dia 22/08 — Parte manhã:

Tivemos a separação em 2 salas, eu escolhi a sala Corcovado 4 e 5 que teve o seguinte tema central: Novas oportunidades de Emprego para o Engenheiro Agrônomo.

Começamos com a apresentação do Engenheiro Agrônomo Felipe Brasil professor do IBMEC, citou a recuperação ambiental como nicho de mercado, disse que degradação ambiental é uma forma de poluição e que o profissional é importante para a não degradação, como exemplo citou a aração morro abaixo e o “estrago” por ela causado. Também destacou o licenciamento ambiental como método importante de controle e citou o CAR, EIA/RIMA como processos que geraram muitos empregos ao profissional da Agronomia.

A 2º Palestrante foi a Engenheira Agrônoma Celma Domingos da PESAGRO-RIO, especialista em plantas medicinais e Plantas alimentícias não convencionais (PANCS). Citou o comércio de produtos fitoterápicos, com um crescimento de 6.5% ao ano, que com o aumento da idade da população se aumenta a demanda por estes produtos. Que o SUS vem adotando práticas alternativas (aromaterapia, homeopatia) e que estas práticas também geram uma nova demanda, quem vai plantar e dar assistência se não o Eng Agrônomo? Quanto as PANC´S citou os Ecochefs de cozinha que vem adotando tais plantas em seus cardápios e alertou para a Biopirataria que é presente em nosso País.

A 3º Palestrante foi a Engenheira Elétrica Maria Chan da SNA/CI Orgânicos, citou o aumento da demanda por produtos orgânicos e que os diversos requisitos para a certificação orgânica geram uma demanda por serviço muito grande. Citou que o processamento do produto orgânico é ainda muito baixo e que é um nicho de serviço a ser melhor explorado pelo profissional.

O 4º Palestrante foi o Engenheiro Agrônomo Cláudio Capeche, da Embrapa Solos que apresentou o tema Agricultura Urbana e Periurbana. Começou dando exemplos de pomares públicos pelo País ainda poucos explorados. Plantio em residências (hortas, aromáticas, temperos), dando como alternativas o plantio vertical. O plantio em Shoppings, supermercados entre outros. Citou o exemplo do Pão de Açúcar supermercados que criou o projeto horta viva, em que o cliente `´colhe” o produto direto da prateleira. Também deu o exemplo de compostagens em grupos e da hidroponia, todas essas práticas sendo uma fonte de novas oportunidades para o Engenheiro Agrônomo.

A 5º Palestrante foi a Engenheira Agrônoma Bernadete Gomes, que falou sobre o Turismo Rural. Citou regiões em que o Agroturismo é bem presente como o Vale do São Francisco (frutas), o Sul do País (videiras e visitas a comunidades de agricultura familiar), Santa Catarina ( turismo de produção orgânica), Paraná (Rota do Pinhão e Araucárias), Minas Gerais (Rota do café),entre outros exemplos. Disse que o turismo rural não combina com paisagens degradadas e que esse setor é um nicho de mercado importante.

Tivemos um intervalo e voltamos com o tema: A Agronomia e os objetivos do Desenvolvimento Sustentável.

O 1º Palestrante foi Engenheiro Agrônomo Cleber de Souza, que é presidente da Confederação dos Engenheiros Agrônomos do Brasil (Confaeab) e também Auditor Fiscal Agropecuário (Mapa), citou a nova conjuntura do Mapa citando o Incra como participante do novo organograma do Ministério. Colocou a Embrapa como fator de muita importância na agricultura nacional e pontuou os objetivos do desenvolvimento sustentável.

A 2º Palestrante foi a Engenheira Agrônoma Daniela Biagionni da Embrapa que citou a Agenda 2030 da ONU, que é uma agenda civilizatória e que os objetivos são integrados e indivisíveis. Destacou a agenda social, ambiental e cadeia produtiva como pilares do desenvolvimento sustentável e demonstrou preocupação com o saneamento básico de nosso País.

A 3º Palestrante foi a Engenheira Agrônoma Andrea Rocha que apresentou o painel sobre Carne Sustentável. Disse que o mercado vem se tornando cada vez mais exigente com a saúde animal, bem-estar animal, meio ambiente, rastreabilidade, destino de resíduos etc. Pontuou que a certificação do produto gera um incremento do valor pago ao produtor de cerca de 15%(média). Como exemplo de sucesso citou a Associação dos Criadores de Angus que vem investindo forte em certificação, qualidade da carne e carcaça e marketing e propaganda que vem dando retorno aos criadores.

Dia 22/08 – Parte tarde:

Tema: Segurança Alimentar sala Corcovado (1,2 e 3)

O 1º Palestrante foi Engenheiro Agrônomo José Luis Viana da Embrapa Tecnologia de Alimentos que falou sobre Alimentos Biofortificados. Citou que existe no mundo e no País uma chamada “fome oculta”, pessoas com sobrepeso ou obesas mais com uma qualidade nutricional precária em seu organismo, principalmente a nível de vitaminas e minerais e que os alimentos biofortificados vem com o objetivo de suprir essa carência. Citou os diversos produtos trabalhados como Abobora, Arroz, Feijão, Mandioca, Batata Doce entre diversos outros. Falou das parcerias com estados, municípios para adoção desses alimentos nas merendas.

O 2º Palestrante foi Dr. José Francisco Bufara presidente da Tech Ion S.A, falou sobre o tema ionização de alimentos. Demostrou a importância dessa prática, com o aumento considerável de vida útil do alimento. A prática desinfeta, pasteuriza, esteriliza entre outros sem perca nutricional. É uma prática aprovada por todos os governos mundiais e disse que a China é o maior irradiador de alimentos do mundo. Fez um paralelo com adoção dessa prática com a segurança alimentar principalmente na queda de desperdício pelo aumento da vida útil do alimento.

O 3º Palestrante foi Engenheiro Agrônomo Antônio Jose Moreira, Auditor Fiscal Agropecuário do Mapa, discorreu sobre a segurança no Trânsito Internacional de Vegetais, as diversas crises fitossanitárias da história da humanidade que dizimaram várias culturas e todo o mundo. Alertou para a importância da fiscalização, para o estado brasileiro estar sempre alerta no quesito fitossanidade e controle e monitoramento de pragas.

O 4º Palestrante foi Engenheiro Agrônomo Thiago Pinheiro da Ceasa-RJ citou o banco de alimentos e PAA (Projeto de Aquisição de Alimentos) ambos executados pelo Ceasa, visando doações de alimentos, legumes, frutas para diversas instituições cadastradas.

O 5º Palestrante foi o Presidente da Conab Newton Araújo, ressaltou a produção recorde de grãos no Brasil na safra 18/19, lembrou da peste suína que acometeu a China dizimando o rebanho, o que acaba por impactar negativamente o preço da soja e milho que na visão dele apresentam uma tendência de queda. Apresentou números da Conab, de aquisição de alimentos, distribuição entre outras atividades que Companhia exerce.

Tivemos um intervalo e voltamos com o tema: Ensino de Agronomia

O 1º Palestrante foi Engenheiro Agrônomo, conselheiro do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea) e Professor da Universidade Federal do Paraná Luiz Lucchesi que mostrou preocupação com os cursos de EAD em Agronomia, o nível de qualidade desses cursos, se mostrando contrário a tais cursos. Relatou reuniões com o MEC, com diversos representantes da classe política a fim de explicar a vulnerabilidade de formação desses profissionais que podem vir a se formar em EAD.

O 2º Palestrante foi Engenheiro Agrônomo e Professor da Universidade Federal de Viçosa (UFV) Leonardo Pimentel, pontuou que os cursos de Agronomia são parceiros e não competidores. Pontuou a modernização das grades curriculares a fim de atender as diversas tendências que já se mostram realidades na formação profissional. Apoia uma formação sólida nas matérias básicas e que as optativas não virem como ele mesmo definiu “uma salada”, disse que a base do currículo é incortável e que se necessário deve-se cortar  “as pontas”. Alertou para se tomar cuidado com “modismos” no ensino e que se procure incorporar aos poucos as chamadas megatendências. (agricultura de precisão, orgânicos, drones, sensoriamento remoto etc.)

O 3º Palestrante foi Engenheiro Agrônomo Edson Shimidt, coordenador do curso de Agronomia da Unicesumar, faculdade privada de Maringá-PR, relatou que no geral as faculdades privadas investem pouco em pesquisas, apresentam uma rotatividade alta de professores, e que o aluno cita o fácil acesso como fator principal para a escolha da mesma (faculdades privadas). Relatou que a maioria dos formados partem para o setor de vendas em detrimento da Assistência Técnica por ser um canal mais fácil de empregabilidade. Citou a preocupação com o ENADE, principalmente com os cursos de EAD (no Unicesumar o curso de Agronomia é presencial apenas), disse que a faculdade que faz parte possui 20 mil alunos presenciais e 180 mil em EAD. Pelo que pude captar não se mostrou favorável ao curso de agronomia em EAD, apesar de não falar de forma explicita isso.

O 4º Palestrante foi Engenheiro Agrônomo e Professor da UFU Fernando Juliatti, mostrou preocupação com o número cada vez maior de cursos e de vagas em Agronomia pelo Brasil, citou que só em Uberlândia-MG existem 5. Relatou a falta de voz na sociedade e junto ao MEC para coibir essas aberturas e disse que as novas grades precisam estimular o aluno em épocas de redes sociais, celular e tantos outros elementos que desviam o foco do aluno.

O 5º Palestrante foi o aluno de Agronomia Alberto Vinicius representando a Feab, alertou para a precarização do ensino, que a política de estado mínimo do atual governo prioriza o desinvestimento em educação, que o contingenciamento sufoca as Universidades Públicas e que as mesmas “respiram por aparelhos”. Relatou o sucateamento dos órgãos ligados as Ciências Agrárias (Embrapa, Ibama, Mapa, Incra, Conab, Funai, entre outros), alertou o corte de bolsas do CNPQ e Capes, e que a Feab luta por uma educação pública e de qualidade com os recursos que se façam necessários. A Feab também se posiciona totalmente contrária ao curso EAD em Agronomia.

Por final do debate o Professor Fernando Bauer da UFSC com a palavra concordou com o Prof. Pimentel da UF Viçosa em se valorizar o estudo básico como o pilar de toda a grade curricular(é o principal), como exemplo citou uma tendência nova (drones) em que uma base sólida do básico te faz entender tudo o que o equipamento pode vir a fazer e desempenhar. Se mostrou contrário ao EAD em Agronomia, citou que é a favor do “Ensino Jurássico”, onde o aluno tem que estudar horas e horas, interagindo com o professor presencialmente, tirando dúvidas e realizando discussões, fatos estes que ele não vê possível de acontecer num curso EAD.

Dia 23/08 – Parte manhã:

Temas: Política Profissional

O 1º Palestrante foi Engenheiro José Luiz Azambuja presidente do SENGE-RS, alertou que se tirarem os Registros Profissionais das mãos dos Conselhos irá ocorrer um caos total. Citou a valorização dos sindicatos que defendem a classe, que o serviço que os mesmos fazem tem que ser relevantes para a confiabilidade dos sindicalizados. Citou que as Associações apresentam baixa participação, que estão em descrédito e que a disputa entre as diversas entidades é desnecessária, e que perderam voz nos tempos atuais em termos de representatividade. Sugeriu melhorar a organização para ocupar espaços, que os Engenheiros Agrônomos ocupem cada vez mais cargos políticos a fim de representarem a classe nos mais diversos espaços de debate e que a guerra política partidária (presentes em 100% dos grupos, sindicatos, associações), devem ser evitadas ao máximo. Também se mostrou contrário a EAD em Agronomia, frisou a importância de se manter Congressos, Cursos, debates e canais de discussão e que a luta política deve se dar nos partidos políticos e não nas entidades de classe.

A 2º Palestrante foi a Engenheira Agrônoma Andrea Rocha, coordenadora do Colégio de Entidades Regionais, disse que a conjuntura atual é gerenciar riscos, que os jovens tem uma visão distorcida sobre as entidades de classe (cobra, multa, pune).Salientou que os filiados precisam ver vantagens na filiação e que tem que haver uma interação entre as diversas entidades de classe. As entidades se encontram descapitalizadas atualmente e tem que se buscar parcerias, cobrou um maior engajamento da Confaeab em fazer essa aglutinação, bem como uma maior atuação dos conselheiros do Confea, Creas etc.

A 3º Palestrante foi a Engenheira Agrônoma Maria Helena Araújo, diretora da Confaeab, reforçou que os dirigentes tem que respeitar as diferenças e se reinventar, logo em seguida o presidente da Confaeab Kleber Santos, reforçou que temos que apoiar os colegas em assumir cargos públicos, que o Crea tem que defender a categoria e que as Associações e Sindicatos são parceiros nessa defesa. Ressaltou a importância da fiscalização do exercício profissional que a sociedade atual muitas vezes formula questionamentos totalmente infundados. Deu um exemplo que hoje em dia se fala muito em agrotóxicos, mas que na visão dele um tema muito mais sério é a conservação do solo e o cuidado com a Água. A Confaeab também se mostrou contraria ao curso em EAD de Agronomia.

Tivemos um intervalo e voltamos com o tema: Tecnologia e Inovação para a Produção Sustentável no Semiárido Nordestino

O 1º Palestrante foi Sergio Baima, representante do governo do estado do Ceara que apresentou as diversas atividades sustentáveis implantadas naquele estado como energia eólica, solar e térmica, gestão de recursos hídricos, Postos de escoamento e logística, áreas industriais e zonas de processamento de exportação na região do Porto de Pecem. Apontou os polos de irrigação do estado em que 5% da área irrigada corresponde a 55% da produção.

Dia 23/08 – Parte Tarde:

Encerramento

Tivemos no encerramento a presença do Engenheiro Agrônomo e ex Ministro da Agricultura Aliysson Paolinelli que fez um histórico da Agricultura Tropical Brasileira, a sua política quando Ministro da criação da Embrapa que através de muita pesquisa e investimento preparou o cultivou em solos fracos e de clima tropical e que colocou o Brasil em um novo patamar a nivel mundial. Mostrou preocupação com o corte de recursos nos órgãos de pesquisa nacionais e citou o tripe Estudo + Inovação + Pesquisa como fator primordial para o Brasil caminhar cada vez mais em assumir a liderança na produção de alimentos mundial.

Após a palestra tivemos a leitura da Carta Final do Congresso, encerrando assim o CBA 2019.

Conclusão:

O congresso foi muito proveitoso, foram discutidos diversos temas atuais sobre a Agronomia, novas tendências e mercados para o profissional. Estiveram presentes vários colegas de diversos órgãos governamentais e institucionais como Embrapa, Mapa, Universidades Federais, Emater, Conab, EPAGRI, SENAR bem como órgãos de entidades de classe como Confea, Crea, CONFAEAB, Feab, Sindicatos e pudemos representar juntamente com os colegas do RJ o nosso sindicato SINDPFA bem como a nossa instituição Incra.

Houve um certo clima de preocupação quanto aos cortes orçamentários por quais passam a maioria das Pastas e Universidades bem como o ensino EAD em Agronomia. Os temas mais abordados foram a sustentabilidade da produção, o investimento em pesquisa, as novas tendências que vem se tornando realidade e o papel do Engenheiro Agrônomo no cenário atual.