Desde a última quarta-feira (26/9), o portal Metrópoles realiza sabatinas com candidatos a vice-presidência da República. O objetivo é que cada postulante ao cargo apresente sua visão de Estado, financiamento de políticas públicas, desenvolvimento sustentável e Direitos Humanos. As entrevistas foram realizadas em parceria com a Articulação de Carreiras Públicas para o Desenvolvimento Sustentável (Arca) – que 12 instituições representativas de servidores de carreiras da administração direta e indireta – e com o SindPFA.
As perguntas foram elaboradas pelas entidades e envolveram temas referentes à políticas públicas, gestão e orçamento do Estado, além da gestão territorial e outros temas correlacionados. Nesta primeira série, foram sabatinados Germano Rigotto, vice na chapa do MDB encabeçada por Henrique Meirelles; Sônia Guajajara, vice de Guilherme Boulos (PSol); Ana Amélia (PP), vice do tucano Geraldo Alckmin; e Eduardo Jorge (PV), vice da candidata da Rede, Marina Silva. A sabatina com os vices prosseguirá no próximo dia 28, com Manuela D’Ávila, vice na chapa do PT liderada por Fernando Haddad, e no dia 30 com Kátia Abreu, candidata na chapa do PDT Ciro Gomes.
Para Germano Rigotto, a decisão de congelar os gastos públicos foi acertada. “Não podíamos continuar em uma situação na qual a dívida pública em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) estava no limite”, ressaltou. “Acho que seria um erro acabar com a Emenda Constitucional do teto de gastos”, pontuou. Quando perguntado sobre a regularização de demarcação de terras do país, Rigotto afirmou que é preciso que o Estado promova a proteção aos pequenos produtores para que as famílias tenham a assistência necessária para não serem “largadas ao relento” evitando assim, possíveis conflitos.
Já Sônia Guajajara se disse radicalmente contrária à medida e prometeu revogá-la. “Ela não representa somente um atraso, mas uma limitação brutal aos investimentos públicos, que são exatamente as políticas que deveriam chegar à sociedade”, ponderou. Questionada sobre a insegurança jurídica no uso do território do país destacou a concentração da propriedade privada nas mãos do agronegócio em relação ao que está nas mãos dos indígenas. De acordo com Sônia, é preciso repensar a redistribuição de terras para priorizar a agricultura familiar que é o que efetivamente sustenta a mesa do brasileiro. “É preciso devolver as terras aos pequenos produtores, regularizar as terras indígenas e dos quilombolas”.
A senadora Ana Amélia, que votou pela aprovação da emenda, defendeu a proposta como forma de aumentar a responsabilidade com o gasto público. “Foi um freio na gastança dos governantes”, salientou. Sobre a questão das terras do país, Ana Amélia ressaltou a importância da titulação para gerar um clima de estabilidade, com a diminuição dos conflitos no campo, destacando a necessidade da regularização fundiária.
Eduardo Jorge defendeu o corte de gastos, mas apontou que a medida deveria afetar a cúpula do país, e não as políticas em benefício da população. “Mais Brasil e menos Brasília”, destacou. O candidato não chegou a responder questões relacionadas à regularização fundiárias ou distribuição de terras do Brasil visto que o tempo das perguntas foi esgotado.
A candidata a vice-presidente na chapa encabeçada pelo petista Fernando Haddad, a deputada estadual Manuela D’Ávila (PCdoB-RS) foi entrevistada na última sexta-feira (29/9) dando seguimento à série de sabatinas aos vice-presidenciáveis. A candidata critica a postura de divisão entre dois ‘brasis’. “Nós precisamos de todos os brasileiros e brasileiras para sermos um grande país. É impossível sermos a grande nação que podemos ser rejeitando mais da metade do nosso povo”, ponderou. Entre temas polêmicos, a gaúcha justificou a bandeira contra as privatizações brasileiras. “Não é uma questão moral. É por necessidade da etapa de desenvolvimento em que o país está. Imagina entregar o setor elétrico e energético para um outro país cuidar? Como retomar a atividade industrial do Brasil se nós não tivermos possibilidade de interferir no valor das tarifas? Não é um enfeite, é algo estratégico que esse setor não seja privatizado”, argumentou. Sobre a questão de terras, a candidata ressaltou que o tema da violência no campo é um assunto muito grave no país e a incapacidade atual dos estados de proteção destas terras. De acordo com Manuela, não é preciso que haja mais armas, mas sim uma conscientização e um espaço aberto para debate.
Para complementar as entrevistas, a candidata a vice-presidente na chapa encabeçada por Ciro Gomes, Kátia Abreu (PDT) participou nesta segunda-feira (1º/10) da série de entrevistas aos vice presidenciáveis. Durante a sabatina, Kátia criticou o limite de gastos públicos estabelecido pela EC 95/2016, chamada de PEC do Teto de Gastos, que de acordo com ela, é “uma peça de ficção” e o próximo presidente terá a obrigação de revogá-la. “É uma peça de marketing com a qual o Temer, inseguro na cadeira da presidente Dilma, quis sinalizar para o grande mercado financeiro brasileiro. Temos que buscar o equilíbrio fiscal, mas não colocar esse limite para os gastos públicos”, ressaltou a pedetista. Perguntada sobre a questão da distribuição de terras, a senadora Kátia Abreu destacou que o Incra poderia colaborar ainda mais com a relação à titulação visto a importância do órgão.
A última entrevista desta série de sabatinas aconteceu nesta terça-feira (2/10) com Christian Lohbauer (Partido Novo), candidato a vice-presidente na chapa encabeçada por João Amoêdo (Partido Novo). Segundo Lohbauer, a reforma da Previdência é a mais importante e deve ser feita nos primeiros 100 dias do governo. “Se não for assim, em dois anos o Brasil quebra. Não é questão de ideologia ou opinião. É matemática”, apontou. O professor disse também que um eventual governo do Novo combaterá privilégios nas aposentadorias. “Um milhão de brasileiros ficam com 11% da arrecadação federal. Tem uma coisa muito errada nisso”. Sobre a privatização de empresas públicas, o representante do partido Novo defende que o Estado cuide apenas de saúde, educação e segurança, ficando o resto a cargo de parceiros privados. “Todas as outras atividades o setor privado faz melhor”, assegura. Perguntado sobre a questão territorial, Christian Lohbauer, disse que o problema fundiário do Brasil é muito grave. De acordo com o candidato, o Incra não é uma instituição que funciona bem há muito tempo e a corrupção no órgão é enorme, precisa ser reformulado. “É preciso mudar essa percepção de colonização e assentamentos, porque não deu certo. É preciso rever as políticas de uso da terra”, ressaltou. De acordo com ele, é preciso que as questões territoriais sejam tratadas apenas em uma pasta para que estas não sejam assuntos de conflitos nas mudanças de governo.
O Diretor Presidente do SindPFA Sávio Feitosa ressaltou o caráter esclarecedor das sabatinas. Sávio destacou que esta é uma oportunidade de conhecer a visão de cada plano de Governo em assuntos relevantes para os servidores públicos e a execução de políticas de Estado. “Ficou muito clara a diferença entre as propostas para o desenvolvimento e o papel do Estado”, frisou.
Para o presidente da Associação Nacional dos Servidores da Carreira de Planejamento e Orçamento (Assecor), entidade articulada à Arca, Leandro Couto, a sabatina serviu para que, em vez dos ataques típicos de uma disputa eleitoral, fosse possível discutir conteúdos importantíssimos para a estruturação de políticas públicas. “Houve uma discussão de conteúdo e, com isso, foi possível identificar a diferença entre os projetos que estão nos colocando neste processo eleitoral. Espero que as próximas entrevistas cumpram este mesmo propósito”, elogiou.
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Assessora de Comunicação