A baixa participação feminina na política é histórica. A cultura em que vivemos traz a separação do trabalho masculino, considerado de produção, e do feminino, tido como de reprodução e ajuda, acarretando, assim, a exclusão da mulher nos espaços públicos e da gestão econômica. Além de introduzir certas restrições sobre a definição dos papéis econômicos femininos no mercado de trabalho.
Nas últimas décadas, no entanto, as questões de gênero têm sido cada vez mais objeto de luta das mulheres. Lamentavelmente, o Brasil ainda ostenta os piores índices de participação feminina nos espaços da política. Segundo pesquisa da União Interparlamentar (IPU), o Brasil ocupa a 158º posição na ocupação de vagas nos parlamentos, dentre 190 nações pesquisadas. Na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, apenas 9% das vagas são ocupadas por mulheres. Nas Câmaras Municipais e Assembleias Legislativas a média não chega a 15%. É sabido que a chegada das mulheres aos espaços de decisão política é fruto de muita luta árdua como toda sua jornada em busca da emancipação e autonomia. Enfrentamos uma cultura que desqualifica a participação das mulheres e que barra seu ingresso nos espaços de decisão por meio dos mais diversos recursos.
Nesse momento, discute-se no Congresso Nacional o PDS 150/2013 e a PEC 24/2015, que tratam sobre uma maior participação das mulheres no parlamento e traz como consequência o seu protagonismo na construção de políticas públicas e na luta por direitos. Faz-se oportuno o debate sobre as questões de gênero, estas, transversais a qualquer política, explicitando as desigualdades entre masculino e feminino, principalmente nas esferas de poder, onde as mulheres são excluídas das tomadas de decisões, cabendo aos homens, na maioria das vezes, o exercício dos cargos de direção política.
Atualmente, há 177 mulheres na Carreira de Perito Federal Agrário, distribuídas em todas as unidades da Federação, de um total de 1164 engenheiros agrônomos que compõem o quadro do Incra. 145 delas integram o SindPFA, o que expõe um alto índice de sindicalização, de 82%. No entanto, apenas 8,de um total de 50 dirigentes, participam diretamente dos cargos de direção da entidade, ou seja, apenas 16%.
Pensando em todas essas questões, o SindPFA realizará o I Encontro Nacional das Peritas Federais Agrárias, nos dias 27 e 28 de novembro de 2016, na capital federal, Brasília (DF), e congregará, em âmbito nacional, as mulheres da carreira, com o tema central “Participação das Peritas Federais Agrárias nos espaços de decisão”. Esse encontro, que será também uma atividade prévia ao II Congresso Nacional dos Peritos Federais Agrários, vem como uma ação afirmativa para dar oportunidade às peritas de uma participação ativa durante o evento, e nas suas próprias superintendências regionais, ao retornarem para seus estados.
Além de mostrar a importância de uma discussão mais aprofundada sobre questões constantes da pauta do SindPFA, principalmente referentes ao debate da construção de uma proposta de um Instituto de Terras do Brasil, relacionada com os rumos políticos e estruturais que a política agrária precisa tomar, bem como outras ações que mereçam uma participação mais ativa por parte das mulheres. Desse modo, um dos objetivos deste Encontro é delinear quais ações a entidade poderá desenvolver para agregar uma atuação ampla e efetiva das mulheres no dia a dia do sindicato.
Ficha do evento
I Encontro Nacional das Peritas Federais Agrárias – I ENPFA
27 e 28 de novembro de 2016
Local: Bay Park Resort Hotel – SHTN Trecho 2 Conjunto 5, em Brasília-DF
Tema: “Participação das Peritas Federais Agrárias nos espaços de
decisão”.
Programação
Dia 27/11/2016 (domingo)
Manhã: Chegadas das PFAs e credenciamento
12h-14h: Almoço
14h: Abertura
14h30: Painel I – Diagnóstico das PFAs pelo Brasil e atuação sindical
15h30-16h45: Painel II – A importância do Instituto de Terras do Brasil
e as carreiras agrárias
Ricardo Pereira – PFA da SR-28/DFE, ex-Diretor Presidente do SindPFA
16h45-17h: Intervalo
17h-18h30: Mesa I- As questões de gênero, políticas públicas e os
direitos da Mulher
Mariana Jacob – Assessora Parlamentar, atua no Observatório da Mulher Contra a
Violência, do Senado Federal
Katia Souto – Ex-Diretora de Gestão Participativa/MS, ex-Conselheira do Condraf
e ex-Coordenadora Nacional da União Brasileira de Mulheres
18h30: Coquetel
Dia 28/11/2016 (segunda-feira)
8h30-10h: Mesa II – A participação das mulheres em espaços de poder
Erika Kokay – Deputada Federal
Iracy Vieira – Especialista em meio ambiente
10h-10h20: Intervalo
10h20-12h: Mesa III – Formação Sindical
Rosa Maria Campos Jorge vice-Presidente do sindicato dos auditores Fiscais do
Trabalho
Creusa de Castro Camelier, Presidente da associação Nacional das Mulheres
Policiais do Brasil (AMPOL)
12-13h30: Almoço
13h30: Grupo de Trabalho: Propostas e encaminhamentos do I ENPFA
14h30: Plenária e encaminhamentos
15h30-16h: Encerramento
Mais informações: enpfa@sindpfa.org.br
Coordenador Executivo