No último sábado, 16/11, o jornal O Estado de S. Paulo explorou em matéria o panorama da questão quilombola. Entre os fatos abordados, estão a inoperância do Incra na regularização das terras. De acordo com as análises do Ministério Público Federal (MPF), a lentidão dos processos fundiários na questão quilombola é devida, acima de tudo, à ineficiência da autarquia.
O MPF vai desencadear nos próximos dias uma ampla operação, em todo o País, destinada a cobrar do governo federal respostas mais rápidas para as demandas das comunidades remanescentes do período da escravidão, os quilombolas. O foco principal das ações dos procuradores deverá ser a questão da regularização e titulação das terras reivindicadas por essas comunidades no Incra.
A titulação beneficiou um total de 207 comunidades e abrangeu uma área de 995 mil hectares, nos quais vivem cerca de 13 mil famílias. Mas isso representa apenas 8,5% do total de comunidades já reconhecidas pela Fundação Cultural Palmares.
Pelas contas de Deborah Duprat, subprocuradora-geral da República e coordenadora daquela câmara, se o ritmo atual for mantido, os quilombolas terão de esperar mais 175 anos para que todas as terras das comunidades já reconhecidas sejam regularizadas e tituladas. “O principal problema é a lentidão dos processos administrativos relacionados à questão da terra”, disse Deborah. Isso significa que, ao contrário do que ocorre com as demandas indígenas, frequentemente paralisadas por intermináveis disputas judiciais, o drama dos quilombolas estaria relacionado sobretudo à inoperância do Incra, responsável pela identificação, regularização e titulação das terras.
Procurado pelo Estadão, o Incra não se manifestou. Veja aqui a reportagem na íntegra.
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