Quinta-feira, 5 de Dezembro de 2024

Em sabatina, vice-presidenciáveis debatem ações públicas sustentáveis
A sabatina foi realizada em parceria entre o portal Metrópoles, SindPFA e outras instituições representativas de servidores de carreira

Desde a última quarta-feira (26/9), o portal Metrópoles realiza sabatinas com candidatos a vice-presidência da República. O objetivo é que cada postulante ao cargo apresente sua visão de Estado, financiamento de políticas públicas, desenvolvimento sustentável e Direitos Humanos.  As entrevistas foram realizadas em parceria com a Articulação de Carreiras Públicas para o Desenvolvimento Sustentável (Arca) – que 12 instituições representativas de servidores de carreiras da administração direta e indireta – e com o SindPFA.

As perguntas foram elaboradas pelas entidades e envolveram temas referentes à políticas públicas, gestão e orçamento do Estado, além da gestão territorial e outros temas correlacionados. Nesta primeira série, foram sabatinados Germano Rigotto, vice na chapa do MDB encabeçada por Henrique Meirelles; Sônia Guajajara, vice de Guilherme Boulos (PSol); Ana Amélia (PP), vice do tucano Geraldo Alckmin; e Eduardo Jorge (PV), vice da candidata da Rede, Marina Silva. A sabatina com os vices prosseguirá no próximo dia 28, com Manuela D’Ávila, vice na chapa do PT liderada por Fernando Haddad, e no dia 30 com Kátia Abreu, candidata na chapa do PDT Ciro Gomes.

Para Germano Rigotto, a decisão de congelar os gastos públicos foi acertada. “Não podíamos continuar em uma situação na qual a dívida pública em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) estava no limite”, ressaltou. “Acho que seria um erro acabar com a Emenda Constitucional do teto de gastos”, pontuou. Quando perguntado sobre a regularização de demarcação de terras do país, Rigotto afirmou que é preciso que o Estado promova a proteção aos pequenos produtores para que as famílias tenham a assistência necessária para não serem “largadas ao relento” evitando assim, possíveis conflitos.  

Já Sônia Guajajara se disse radicalmente contrária à medida e prometeu revogá-la. “Ela não representa somente um atraso, mas uma limitação brutal aos investimentos públicos, que são exatamente as políticas que deveriam chegar à sociedade”, ponderou. Questionada sobre a insegurança jurídica no uso do território do país destacou a concentração da propriedade privada nas mãos do agronegócio em relação ao que está nas mãos dos indígenas. De acordo com Sônia, é preciso repensar a redistribuição de terras para priorizar a agricultura familiar que é o que efetivamente sustenta a mesa do brasileiro.  “É preciso devolver as terras aos pequenos produtores, regularizar as terras indígenas e dos quilombolas”.

A senadora Ana Amélia, que votou pela aprovação da emenda, defendeu a proposta como forma de aumentar a responsabilidade com o gasto público. “Foi um freio na gastança dos governantes”, salientou. Sobre a questão das terras do país, Ana Amélia ressaltou a importância da titulação para gerar um clima de estabilidade, com a diminuição dos conflitos no campo, destacando a necessidade da regularização fundiária.  

Eduardo Jorge defendeu o corte de gastos, mas apontou que a medida deveria afetar a cúpula do país, e não as políticas em benefício da população. “Mais Brasil e menos Brasília”, destacou. O candidato não chegou a responder questões relacionadas à regularização fundiárias ou distribuição de terras do Brasil visto que o tempo das perguntas foi esgotado.

A candidata a vice-presidente na chapa encabeçada pelo petista Fernando Haddad, a deputada estadual Manuela D’Ávila (PCdoB-RS) foi entrevistada na última sexta-feira (29/9) dando seguimento à série de sabatinas aos vice-presidenciáveis. A candidata critica a postura de divisão entre dois ‘brasis’. “Nós precisamos de todos os brasileiros e brasileiras para sermos um grande país. É impossível sermos a grande nação que podemos ser rejeitando mais da metade do nosso povo”, ponderou. Entre temas polêmicos, a gaúcha justificou a bandeira contra as privatizações brasileiras. “Não é uma questão moral. É por necessidade da etapa de desenvolvimento em que o país está. Imagina entregar o setor elétrico e energético para um outro país cuidar? Como retomar a atividade industrial do Brasil se nós não tivermos possibilidade de interferir no valor das tarifas? Não é um enfeite, é algo estratégico que esse setor não seja privatizado”, argumentou. Sobre a questão de terras, a candidata ressaltou que o tema da violência no campo é um assunto muito grave no país e a incapacidade atual dos estados de proteção destas terras. De acordo com Manuela, não é preciso que haja mais armas, mas sim uma conscientização e um espaço aberto para debate.

Para complementar as entrevistas, a candidata a vice-presidente na chapa encabeçada por Ciro Gomes, Kátia Abreu (PDT) participou nesta segunda-feira (1º/10) da série de entrevistas aos vice presidenciáveis. Durante a sabatina, Kátia criticou o limite de gastos públicos estabelecido pela EC 95/2016, chamada de PEC do Teto de Gastos, que de acordo com ela, é “uma peça de ficção” e o próximo presidente terá a obrigação de revogá-la. “É uma peça de marketing com a qual o Temer, inseguro na cadeira da presidente Dilma, quis sinalizar para o grande mercado financeiro brasileiro. Temos que buscar o equilíbrio fiscal, mas não colocar esse limite para os gastos públicos”, ressaltou a pedetista. Perguntada sobre a questão da distribuição de terras, a senadora Kátia Abreu destacou que o Incra poderia colaborar ainda mais com a relação à titulação visto a importância do órgão.

A última entrevista desta série de sabatinas aconteceu nesta terça-feira (2/10) com Christian Lohbauer (Partido Novo), candidato a vice-presidente na chapa encabeçada por João Amoêdo (Partido Novo). Segundo Lohbauer, a reforma da Previdência é a mais importante e deve ser feita nos primeiros 100 dias do governo. “Se não for assim, em dois anos o Brasil quebra. Não é questão de ideologia ou opinião. É matemática”, apontou. O professor disse também que um eventual governo do Novo combaterá privilégios nas aposentadorias. “Um milhão de brasileiros ficam com 11% da arrecadação federal. Tem uma coisa muito errada nisso”. Sobre a privatização de empresas públicas, o representante do partido Novo defende que o Estado cuide apenas de saúde, educação e segurança, ficando o resto a cargo de parceiros privados. “Todas as outras atividades o setor privado faz melhor”, assegura. Perguntado sobre a questão territorial, Christian Lohbauer, disse que o problema fundiário do Brasil é muito grave. De acordo com o candidato, o Incra não é uma instituição que funciona bem há muito tempo e a corrupção no órgão é enorme, precisa ser reformulado. “É preciso mudar essa percepção de colonização e assentamentos, porque não deu certo. É preciso rever as políticas de uso da terra”, ressaltou.  De acordo com ele, é preciso que as questões territoriais sejam tratadas apenas em uma pasta para que estas não sejam assuntos de conflitos nas mudanças de governo.

O Diretor Presidente do SindPFA Sávio Feitosa ressaltou o caráter esclarecedor das sabatinas. Sávio destacou que esta é uma oportunidade de conhecer a visão de cada plano de Governo em assuntos relevantes para os servidores públicos e a execução de políticas de Estado. “Ficou muito clara a diferença entre as propostas para o desenvolvimento e o papel do Estado”, frisou.

Para o presidente da Associação Nacional dos Servidores da Carreira de Planejamento e Orçamento (Assecor), entidade articulada à Arca, Leandro Couto, a sabatina serviu para que, em vez dos ataques típicos de uma disputa eleitoral, fosse possível discutir conteúdos importantíssimos para a estruturação de políticas públicas. “Houve uma discussão de conteúdo e, com isso, foi possível identificar a diferença entre os projetos que estão nos colocando neste processo eleitoral. Espero que as próximas entrevistas cumpram este mesmo propósito”, elogiou.

Germano Rigotto

Sônia Guajajara

Ana Amélia

Eduardo Jorge

Manuela D’Ávilla

Kátia Abreu

Christian Lohbauer

Por NATALIA RIBEIRO PEREIRA

Assessora de Comunicação