A seleção de contos e crônicas sobre o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), lançada pelo Sindicato Nacional dos Peritos Federais Agrários (SindPFA) e a Associação Nacional dos Servidores Públicos Federais Agrários (CNASI-AN) por ocasião dos 50 anos do órgão, já está em sua fase final, com a editoração dos trabalhos selecionados pelo Conselho Editorial. Ao todo, foram selecionados 26 textos de 17 autores (o resultado final pode ser visto aqui).
Os trabalhos escolhidos comporão um livro, com lançamento previsto para 9 de julho, dia do aniversário do Incra, quando deve ocorrer uma live da premiação, que vai do primeiro ao terceiro lugar. “50 anos de história devem ser celebrados, mas é preciso ir além. Temos o dever de contribuir para a preservação do bom legado do Incra e dos seus colaboradores ao longo dessas décadas, e esta é uma ação nesse sentido”, afirmou Djalmary Souza, Presidente do SindPFA, por ocasião do lançamento do edital.
Perito Federal Agrário em São Paulo, Paulo Roberto David de Araujo alcançou o primeiro lugar com o texto ‘Tempos cruzados no quilombo Cangume’. “Fiquei super contente. Estava bem ansioso para saber o resultado. Gosto de escrever, tenho livro publicado, apesar de não me considerar um escritor. Tenho gosto pelas artes”, afirma o PFA. “Escrevi sobre as dificuldades e as mazelas que o Estado apronta com o cidadão. O trabalhador do Incra tem que dar conta de um monte de coisas que muitas vezes o Estado não está pronto. O trabalho com a reforma agrária é inglório, mas tem que continuar e a gente tenta conseguir dar uma condição de vida para as comunidades rurais”, desabafa. “Para trabalhar tem que ter muita vontade, pois falta apoio e estamos todos sobrecarregados. Estamos passando por uma fase bem complicada”, diz.
Julio Lizárraga Ramírez, PFA aposentado, conseguiu classificar três textos na seleção. “[Além do segundo lugar], classifiquei um texto em quinto e outro, em sexto”, conta orgulhoso. O texto que lhe rendeu a segunda colocação foi o ‘Isso é uma solução mineira, uai’ e foi extraído da época em que chefiou a Diretoria de Obtenção de Recursos Fundiários. “O Incra, como instituição, não tem memória. Ela está nos funcionários. Acho muito importante resgatar essa história dita pelos servidores. Eu inclusive incentivei pessoas a participarem do edital”, conta. “Quero conhecer as outras histórias quando o livro for publicado. É muito importante esse resgate. Tanto o Sindicato quanto a CNASI estão de parabéns”, conclui.
Com o texto ‘Recortes de uma viagem ao assentamento Santana no Ceará’, Antônio Rubens Pompeu Braga ficou em terceiro lugar. Sociólogo aposentado pelo Incra, ele se recorda com orgulho da participação na criação de diversos projetos de reforma agrária. “Foi muito prazeroso. O recorte que fiz foi no assentamento Santana, no Ceará. Hoje é um centro regional, com escola estadual e municipal para mais de 400 alunos. A desapropriação foi em 1987”, conta. “É um registro para mostrar que, quando as coisas são feitas organizadamente, ela produz resultados. A memória é a própria vida, é o referencial do que vem. A reforma agrária de hoje não é a mesma da década de 1990, por exemplo. O conceito é muito mais dinâmico, mas o espaço para a agricultura familiar tem que ser garantido. Não é ficar preso no passado, mas sim conhecê-lo para atualizá-lo”, avalia.
O SindPFA agradece a todos os que enviaram seus textos e aos que colaboraram na organização e execução desta importante iniciativa. Em breve serão divulgados detalhes do lançamento do livro, que promete ser um importante documento histórico do valoroso trabalho de servidores, lideranças e trabalhadores rurais ao longo dessas cinco décadas de atuação da autarquia.
Em tempo, outras duas seleções seguem abertas: a de artigos para a 2ª edição do livro sobre avaliação de imóveis rurais pelos Peritos Federais Agrários e para o III Congresso Nacional da categoria.
Por RODRIGO RAMTHUM